sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

6ª Reunião - 24/02/2021

Após o recesso já informado nas outras postagens, voltamos ontem, dia 24 de fevereiro, à programação normal (pelo menos no contexto de pandemia) do PIBID: reuniões às quartas-feiras. Nesse encontro de retorno, o foco principal foi a apresentação, concisa devido ao tempo, da atividade “o encontro com o outro”.

No entanto, antes de relatar como se deu as apresentações, gostaria de escrever sobre uma fala da Professora Socorro (uma das professoras-supervisoras do PIBID) que ocorreu um pouco antes do início oficial da reunião e que achei muito importantes.

Ela trouxe a informação de uma cartilha do Ministério da Educação a respeito das práticas que os alunos devem adotar ao retornarem às aulas presenciais. De acordo com as palavras da Professora Socorro, com as quais estou de acordo, essas recomendações são utópicas¹ considerando a realidade da maioria das escolas públicas não só de Maceió, como de todo o Brasil. Algumas dessas recomendações são: os alunos devem lavar frequentemente as mãos, falar entre si com uma distância de 1 metro no mínimo. Dando como exemplo a escola que eu concluí o ensino médio, na qual constantemente havia falta de água, e sabendo que problemas de infraestrutura como esse são, infelizmente, comuns às escolas públicas brasileiras, entendemos a falta de senso de realidade dessa cartilha, que é algo que frequentemente falta em documentos e leis a respeito do ambiente educacional. Como eu disse na reunião, é mais uma obra dos governantes para inglês ver.

Retornando às apresentações, elas ocorreram da seguinte forma: dois integrantes de cada grupo² apresentariam uma ou duas cenas que, para eles, foram as mais marcantes, seja no sentido pessoal, seja no sentido de cumprir bem o que a atividade “o encontro com o outro” pedia. Os representantes do meu grupo foram eu e a minha colega Nathally, ficando acordado que cada um falaria sobre uma cena escolhida livremente.

Fomos os primeiros a apresentar, começando por ela, que falou sobre a cena na qual Orlando tenta se comunicar com os índios, utilizando de mímica para demonstrar qual o significado da palavra “avião”. A Professora Andrea fez um ótimo comentário, dizendo que essa é a primeira troca que ocorre no encontro com o outro: a da comunicação, a linguagem, principalmente quando o outro faz parte de um povo diferente.

 Eu selecionei a cena na qual Cláudio leva a família de caiabis ao posto médico próximo à aldeia de outro povo indígena (pelo o que eu lembro, não é dito o nome desse povo). Há uma confusão, porque os indígenas que já se encontravam lá não querem aceitar os caiabis, mas Cláudio intervém argumentando da seguinte maneira: “vocês não podem brigar entre si. O inimigo é o branco”, sendo ele mesmo branco. Para mim, foi uma das principais cenas para entender o que seria o deslocamento que o pesquisador precisa fazer para obter uma boa investigação etnográfica, visto que Cláudio, ao dizer que o inimigo é o grupo étnico-cultural do qual ele vem, demonstra a imersão quase completa que ele realiza, compreendendo o mundo, o máximo que pode, a partir do olhar do grupo no qual ele se introduz.

Percebam que, no parágrafo anterior, eu tenho o cuidado de não afirmar que Cláudio atingiu uma imersão completa no povo indígena, portanto não é capaz de enxergar o mundo totalmente através de uma ótica indígena. Provavelmente eu não teria essa consciência em relação a isso caso não tivesse ouvido a Wanneska e o Silvino analisarem as cenas que escolheram.

Eles selecionaram um momento no filme no qual há um conflito entre o Cláudio e o líder da família caiabi, que acaba sendo resolvido após Cláudio apontar uma arma para o indígena. Com essa cena, os dois demonstraram que, embora haja, sim, um grande deslocamento da posição do eu para o lugar do outro por parte do Cláudio, esse movimento nunca será total, pois sempre restará resquícios do eu. No caso da cena, Cláudio assume que sabe do que o indígena precisa mais do que ele próprio, utilizando até da força para fazer valer sua opinião. Essa posição é historicamente assumida pelo homem branco em relação ao indígena e, mesmo com a entrega do Cláudio na sua vivência com o outro, esse lugar de superioridade ainda está lá para ser utilizado quando necessário.

Com o fim das apresentações, a Professora Andrea deu continuidade às explicações teóricas sobre a abordagem etnográfica na pesquisa educacional. Inicialmente, ela trouxe as diferenças entre a pesquisa etnográfica tradicional e a pesquisa educacional feita pela linguística aplicada. Estabelecida essa distinção, a Professora Andrea, utilizando de algumas cenas do filme “Xingu” para melhor elucidação, aprofundou-se na abordagem etnográfica, expondo seus princípios e noções.

No final da explanação teórica, ela listou as abordagens que geralmente andam de mãos dadas com a etnografia. Ao citar a Análise Dialógica do Discurso, que é uma área de Linguística baseada na filosofia da linguagem de Mikhail Bakhtin, veio novamente na minha mente, só que com mais força, um conceito que, desde o início dos estudos com etnografia, vagueia na minha mente: o excedente de visão. A primeira vez que ouvi sobre esse conceito foi na 1ª Jornada Bakhtiniana da UFAL, em uma fala da professora Ana Clara, e achei muito interessante. A partir de Bakthin (2006, p. 210, apud Silva e Paula, 2015), temos o seguinte sobre o excedente de visão:

Quando contemplo no todo um homem situado fora e diante de mim, nossos horizontes concretos efetivamente vivenciáveis não coincidem. Porque em qualquer situação ou proximidade que esse outro que contemplo possa estar em relação a mim, sempre verei e saberei algo que ele, da sua posição fora e diante de mim, não pode ver: as partes de seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar – cabeça, o rosto e sua expressão –, o mundo atrás dele, toda uma série de objetos e relações que, em função dessa ou daquela relação de reciprocidade entre nós, são acessíveis a mim e inacessíveis a ele. Quando nos olhamos, dois diferentes mundos se refletem na pupila de nossos olhos. Assumindo a devida posição, é possível reduzir ao mínimo essa diferença de horizontes, mas para eliminá-la inteiramente urge fundir-se em um todo único e tornar-se uma só pessoa.
Esse excedente da minha visão, do meu conhecimento, da minha posse – excedente sempre presente em face de qualquer outro individuo – é condicionado pela singularidade e pela insubstitutibilidade do meu lugar no mundo: porque nesse momento e nesse lugar, em que sou o único a estar situado em dado conjunto de circunstâncias, todos os outros estão fora de mim. (2006, p.210, grifos do autor)

            Relacionando esse conceito bakhtiniano com a etnografia, percebemos que o pesquisador, ao abordar etnograficamente o grupo pesquisado (o outro), ou seja, buscando “compreender a maneira de viver do ponto de vista dos nativos da cultura em estudo” (FINO, 2008), atinge esse excedente de visão, deslocando-se da sua posição de “eu” para ir ao lugar do “outro” e sendo capaz de enxergar o mundo a partir de uma ótica situada fora de si.

            Por fim, a questão da análise do discurso despertou meu interesse desde as primeiras aulas, por causa do da disciplina “Análise do Discurso”, ministrada pelo professor Helson Flávio da Silva Sobrinho. Devido ao meu primeiro contato com essa área ter sido a partir da perspectiva pecheutiana, essa linha me atrai mais no momento. No entanto, conhecendo, mesmo que superficialmente, por quais áreas a Professora Andrea pesquisa, é bem provável que Análise Dialógica do Discurso se sobressaia em relação à baseada nos estudos do Michel Pêcheux. Esperemos para ver! Até a próxima!

 

Nota 1: é importante tentar clarear como a palavra “utópica” foi usada nessa situação, aliás, como eu a signifiquei nesse contexto, visto que não foi dita por mim. No caso em questão, o termo foi utilizado, como geralmente acontece, para negativar algo (a cartilha), adjetivando um sentido de impossibilidade ao extremo ou, no popular, “viajar na maionese”. Entretanto, “utopismo” não carrega apenas esse significado, e, devido a visão de mundo e o sentido político que trago comigo, é necessário explicar aqui um outro sentido seu. Considerando a terminologia dessa palavra, seu sentido está mais para “não lugar”, ou seja, um lugar que (ainda) não existe, do que para “lugar impossível de existir”. Dessa forma, quando se fala sobre uma sociedade justa, sem opressão ou exploração, os céticos, os pessimistas e, principalmente, aqueles que se beneficiam da configuração socioeconômica na qual vivemos já a classificam como utópica, referindo-se ao primeiro sentido que eu trouxe, o negativo. Porém, aqueles que creem na possibilidade de mudança e, sobretudo, agem para isso compreendem de maneira positiva o utopismo contido nessa esperança (do verbo esperançar, como diria Paulo Freire), pois sabem muito bem que esse “não lugar” se tornará “lugar” um dia. Para concluir essa nota de rodapé enorme, o utopismo presente não só na cartilha, como também em diversos outros documentos, leis, instituições que formam esse Estado protetor dos poderosos (como a Justiça, a Constituição e a Democracia), diferencia-se do utopismo existente na ideia dessa sociedade melhor porque não objetiva passar de “não lugar” para “lugar, ou seja, não tem pretensões de um dia sair do mundo das ideias.

Nota 2: Talvez eu já tinha dito, mas nós, pibidianos, fomos divididos em grupos e cada grupo é supervisionado por uma professora-supervisora do ensino básico.      


Referências: 

FINO, C. N. A etnografia enquanto método: um modo de entender as culturas (escolares) locais. In Christine Escallier e Nelson Veríssimo (Org.) Educação e Cultura, 2008, DCE - Universidade da Madeira.

SILVA, Tatiele Novais; Paula, Luciane de. Refrações de Elena: a construção do verbo-voco-visual dos sujeitos. Grupo de Estudos Discursivos, 30 de dez. de 2015. Disponível em: <https://gediscursivos.wordpress.com/2015/12/30/refracoes-de-elena-a-construcao-verbo-voco-visual-dos-sujeitos/>. Acesso em: 26 de fev. de 2021. 




terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O que eu fiz nesse recesso?

    Nós entramos de recesso no dia 20 de janeiro e ele está chegando ao fim hoje, visto que amanhã teremos o nosso encontro. Já sabe-se que não ficamos plenamente livres, leves e soltos nesse período, pois tivemos duas tarefas para serem realizadas, uma a fim de nos introduzirmos de forma prática ao método de pesquisa etnográfico e outra para darmos continuidade ao nosso clube de leitura, ambas disponibilizadas pelos coordenadores no "Blogão" (apelido dado carinhosamente pelos pibidianos que nos antecederam). 
    
    Mas será que eu não fiz nada além dessas duas atividades oficiais do PIBID? Claro que fiz! Não tanto quanto eu gostaria, mas fiz. 

    De acordo com o plano de leitura que fiz, conseguiria terminar o livro "A Elegância do Ouriço" e fazer o vídeo-resenha sobre ele ainda no mês de janeiro. No entanto, não consegui seguir o cronograma e finalizei a leitura e o vídeo apenas neste mês. Essa mudança de planos me fez refletir se entraria em um livro um pouco mais longo como "O Incolor Tsukuru Tazaki e seus Anos de Peregrinação" ou partiria para leituras menores que também surgiram devido ao PIBID. Acabei optando pela segunda opção. 

    Li o texto "A Literatura em Perigo" do Tzvetan Todorov, que foi muito bem falado pelos coordenadores em um dos encontros iniciais. Já tinha ouvido falar sobre esse escrito e seu autor em algumas aulas de literatura, mas nunca tinha lido nada dele. Todorov afirma que a literatura corre perigo e demonstra isso com diversos argumentos nesse texto, mas gostaria de ressaltar um muito caro para mim enquanto estudante de Letras: a literatura corre perigo, segundo Todorov, pois os estudantes não entram em contato com ela através da obra literária, mas pela crítica, teoria ou história literária, assim, fazendo com que o aluno veja a literatura apenas como uma matéria escolar. 


   Após a leitura do escrito de Todorov, iniciei o livro "Norma Culta Brasileira: Desatando Alguns Nós" do linguista Carlos Alberto Faraco, que foi indicado pela Professora. O livro já inicia tratando sobre o que seria a norma culta e como ela assume diversas posições errôneas e perigosas, como de sinônimo de gramática, norma-padrão ou expressão escrita. Ainda estou no começo, mas já percebo que irei aprender bastante. 

    Como podem ver, esses dois livros são ótimos para minha formação como futuro professor de língua portuguesa, porque fazem uma ótima discussão sobre o ensino da literatura e da língua. 

    Também dei início ao curso do Professor Luiz que ele disponibilizou no Blogão a fim de que saibamos mais sobre o uso da etnografia na educação. O curso se chama "Netnografia em Linguística Aplicada" e está disponível clicando aqui! 

    Por fim, também tive acesso às aulas da Professora Mércia, minha coordenadora supervisora, por meio do seguinte link: https://blogaopibid20.blogspot.com/p/galeria-ee-alfredo-gaspar-de-mendonca.html

É isso! Até a próxima!

Resenha: A Elegância do Ouriço - Muriel Barbery

    Além da tarefa do post anterior, também demos continuidade às atividades do Clube de Leitura do PIBID, no qual lemos uma obra escolhida e fazemos um vídeo-resenha sobre ele. Percebi que, nas duas postagens nas quais eu falei sobre os livros sugeridos, não contei que já tive contato com eles antes do PIBID. Penso que será interessante contar minha brevíssima história com eles antes de ir direto à publicação da resenha em vídeo. 

    Antes da apresentação por parte da Professora Andrea desses dois livros, eu só tinha tido contato uma vez com cada texto, sempre de forma indireta. Em relação ao livro do Murakami, foi a própria Professora Andrea, em uma aula no meu 2º período, que foi a responsável por esse meu primeiro contato, ao dissertar sobre a obra em uma roda de leitura que acontecia no final de todas as aulas dessa disciplina. A maneira apaixonada com a qual ela falou sobre a história, o fato de eu não ter muito contato com a literatura asiática (a não ser através dos mangás) e a capa que é uma belezura intrigante (não que eu esteja julgando um livro pela capa, rs), deram-me muita vontade de lê-lo na época, mas infelizmente não aconteceu (ainda). 
    
     Já o livro da Barbery veio até mim pela primeira vez (e única antes do PIBID) em um post de um grupo de leitura no Facebook. Lembro apenas que o autor da postagem se referiu à história em si, ao desenvolvimento dos personagens, apenas como pano de fundo para o que seria o principal do livro: as ideias filosóficas trazidas pelas protagonistas-narradoras. Concluí a leitura do livro com uma opinião contrária a esse comentário, pois vejo a história do livro com importância e qualidade equivalente à filosofia trazida pelas reflexões das personagens, assim, fazendo com que nenhuma parte do livro deixe a outra em segundo plano. Tentei dizer isso no vídeo-resenha, espero que tenha dado para entender. 

   

    Sem mais delongas, aqui está a minha resenha em vídeo do livro "A Elegância do Ouriço": 

    

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

ATIVIDADE ETNOGRÁFICA: O ENCONTRO COM O OUTRO

    Na última aula, como eu disse no post anterior, os coordenadores nos passaram a tarefa de assistir ao filme Xingu com um olhar etnográfico sobre ele, capturando cenas em que se pode perceber o "encontro com o outro" (como ficou nomeada a atividade), ou seja, o contato entre duas diferentes culturas. 

    Aqui apresento o resultado dessa atividade, que realizei em conjunto com a minha colega de PIBID Letícia Monteiro. Foi difícil? Não necessariamente, apenas um pouco demorado. No entanto, possibilitou-me uma imersão no filme muito maior do que o normal. 


Contexto: O filme se passa em meados do século XX, iniciando-se na década de 40, com a Expedição Roncador-Xingu, que integrava o plano de interiorização do Brasil do governo de Getúlio Vargas, chamado de Marcha para o Oeste.

Sinopse: Os irmãos Villas-Bôas são três jovens bem instruídos, com bons empregos e com uma família abastada. No entanto, eles buscam algo além do que esse tipo de vida pode dar, buscam a verdadeira liberdade e, por isso, ingressam na Marcha Para o Oeste, um plano de interiorização do Brasil realizado pelo governo de Getúlio Vargas. Ao se depararem com um grupo indígena e se integrarem na sua aldeia, eles percebem a necessidade de protegê-los do processo civilizatório esmagador que acontecia no Brasil, destinando suas vidas para essa causa.


Filme: Xingu

Ano: 2012

Diretor: Cao Hamburguer

Marcação Temporal e Descrição da Cena

Parte Verbal

Parte Imagética

Parte Sonora

05m20s: os irmãos Villas Boas vão se apresentar para a “Marcha Para o Oeste”. Percebendo que todos os outros que também estavam se apresentando possuíam semelhantes características sociais (eram analfabetos e trabalhadores braçais), eles se colocaram nessa posição, assim, tendo o primeiro contato com o “outro”: não-branco, pobre, sem instrução e trabalhador subalterno.

Militar: instrução?

Cláudio: não, senhor.

Militar: última profissão?

Cláudio: trabalhador braçal.

 


 

09m10s: o grupo de vanguarda da Expedição Roncador Xingu, à noite, percebe um som próximo. Um de seus integrantes, amigo dos irmãos Villas Boas, pensa ser uma onça. Outro integrante, com mais experiência pelo visto, informa que são índios produzindo esse som.

Expedicionário 1: é onça.

Expedicionário 2: não é onça, é índio.

 


Sons feitos pelos índios, talvez para amedrontar um possível inimigo: “uh, uh, uh”

09m40s: os índios lançam um objeto (talvez um coco ou uma pedra) contra o grupo. Eles se assustam, apagam a fogueira e, em reação, armas de fogo são engatilhadas. No entanto, Cláudio pede para que abaixem as armas (provavelmente por não perceber os índios como inimigos).

 

 


 

10m05s: com o dia claro, Cláudio encontra flechas utilizadas pelos índios e uma borduna trazida pelo seu irmão. Ele as observa fascinado.

Cláudio: olha só essa borduna...

 


 

11m30s:

os índios, após produzirem uma cortina de fumaça em volta do acampamento provisório do grupo, avança em direção a ele, mas são afastados por causa dos tiros dados em direção ao céu por parte dos expedicionários. Enquanto os índios usam sons produzidos pelas suas bocas para amedrontar os não-índios, estes, por sua vez, utilizam-se de suas armas para ter o mesmo efeito.

Cláudio: atira para cima, só para cima.

 


Sons produzidos pelos índios cada vez mais próximos, constantes e altos.

Barulho de tiro.

12m30s: enquanto os expedicionários marcam o seu avanço sobre as terras ditas desocupadas, os índios, que as ocupam, observam-nos. No fundo, há uma reflexão do personagem Cláudio (que também se põe como narrador) sobre isso. 

Cláudio (enquanto narrador que reflete sobre o contexto da história): o que o governo chama de terra desocupado, na verdade tem dono.

 


A trilha sonora da cena dá uma sensação de tensão maior à medida que os expedicionários saem de cena dando lugar para os índios.

13m00s: os expedicionários estão navegando pelo Rio Xingu em canoas recém construídas por eles. Nesse percurso, Cláudio percebe uma armadilha de pesca feita pelos índios.

Cláudio: Orlando, armadilha de pesca.

 


 

14m10s: após escutarem os mesmos sons de antes provocados pelos índios, o grupo começa a remar mais rápido, até que chegam em uma parte do rio na qual avistam diversos índios na margem, com arco e flecha nas mãos. Novamente, Cláudio pede para que as armas não sejam usadas, e decidem parar as canoas na margem oposto aos índios.

Cláudio: esconde a arma, não atira.

Orlando: Cláudio, são muitos.

Leonardo: vai flechar, caralho.

Cláudio: tem uma hora que a gente vai ter que falar com eles, não dá para fugir o tempo todo.

 


 

15m45s: estabelece-se o primeiro contato entre os dois grupos: os índios chamam os expedicionários para o lado deles da margem do rio. Leonardo, Orlando e mais outros expedicionários vão.

Um índio faz um gesto com o braço e mão que indica um chamado.

 


 

17m20s: os índios e os expedicionários ficam a poucos metros de distância, desconfiados (principalmente os índios). Após Cláudio entregar a única arma que levava consigo, uma faca na perna, ao aparente líder dos índios, este analisa o objeto estranho, da mesma forma que Cláudio observou as flechas e a borduna.

Há diálogos verbais entre os índios, mas, devido à diferença dos idiomas, usa-se mais o corpo para uma tentativa de comunicação: Cláudio move-se devagar e claramente a fim de não causar dúvida nos índios a respeito de suas intenções.  

 


 

19m20s: os dois expedicionários se apresentam e o chefe indígena também. Há um rápido susto por parte dos índios quando Orlando abraça o chefe indígena, mas tudo acaba bem.

Mescla-se o verbal com o não-verbal na tentativa de uma melhor comunicação: Orlando diz seu nome com bastante firmeza e apontando para si, da mesma forma faz com Cláudio. O chefe indígena faz o mesmo.

 


 

19m45s: os expedicionários entregam aos índios alguns objetos que trazem consigo. Orlando apresenta ao líder indígena a rapadura, que não aprecia após provar.

Orlando, utilizando-se da comunicação não-verbal, come a rapadura para que o chefe indígena entenda para que serve e faça o mesmo.

 


 

22m10s: os expedicionários são convidados pelos índios a irem à aldeia deles. Lá, todos da aldeia se juntam ao seu redor, curiosos sobre seus pelos a mais, cabelos diferentes, objetos que trazem consigo, roupas que vestem... Não sentem apenas curiosidade, mas também medo e receio.

Neste momento, a comunicação entre esses dois povos diferentes é estabelecida somente por meios não-verbais.

 


A trilha sonora vai ficando animada, passando uma sensação de empolgação.

23m45s: com os visitantes já estabelecidos na aldeia, inicia-se uma troca cultural. Os expedicionários escutam os indígenas mais velhos falando em uma reunião; os indígenas veem Orlando tentar falar sobre o avião.

Orlando: avião

Índios: tuiuiu

 


 

24m50s: Cláudio tentando aprender algumas palavras na língua dos índios.

Utiliza-se gestos para definir bem do que se está falando.

 


 

25m20s: Os expedicionários unem-se aos índios e constroem o Campo de Pouso Jacaré.

 

 


No fundo, toca uma música alegre aparentemente indígena.

29m15s: Um ano depois do primeiro contato com os irmãos Villas Boas, os índios veem de perto um avião. Primeiro, espantam-se, depois há curiosidade e, ao entrar e decolar, há uma grande felicidade por estarem voando.

Muita comunicação entre os índios.

 


Uma trilha sonora alegre toca. Também há os sons produzidos pelo avião sobrevoando e pousando na aldeia.

31m55s: uma epidemia de gripe trazida pelos expedicionários atinge a aldeia, matando metade dela. Há um envolvimento entre a medicina da cidade e a indígena.

Leonardo: têm a menor ideia do que é que é isso, nunca viram gripe.

Cláudio: nem iam ver se não fosse a gente.

 


 

33min8s: o curandeiro da tribo tenta usar sua sabedoria para curar um dos doentes.

 

 


Música melancólica toca ao fundo.

36m00s: médicos chegam na aldeia e inicia-se um processo de vacinação.

Médico: vai ser só uma picada, uma picada de abelha.

 


 

36min44s: Leonardo Villas Boas apresenta os médicos ao cacique.

Leonardo: Cacique! Esse aqui, Noel. Essa aqui, Marina.

 


 

37m35s: um índio traduz para o seu chefe o que Cláudio está dizendo sobre vacinação. 

Cláudio: a gente veio aqui para trazer remédio.

 


 

39m20s: encontro entre Cláudio e uma família de indígenas que parecem estar mais habituados aos homens brancos do que os demais, pois vestem roupas e falam português. O pai da família relata que seu povo trabalha para os seringueiros de forma escravizada e são mortos por eles. Cláudio dá uma arma para ele defender sua família.

Indígena: seringueiro não deu comida para os caiabis. Trabalha, trabalho para os seringueiros, não dá comida. Seringueiros matou meus filhos. Matou oito meu filho.

 


 

41m25s: Cláudio traz a família de caiabis para o posto que está próximo à aldeia de outro povo indígena. Há uma confusão porque o povo indígena da aldeia não quere aceitar os caiabis.

Cláudio: vocês não podem brigar entre si. O inimigo é o branco.

 

Trilha sonora de tensão.

43min34s: Cláudio e outros índios visitam outra tribo e veem o massacre provocado pelos seringueiros.

 

 


Som de ação toca ao fundo.

01h09m50s: Cláudio e Orlando pintam-se e dançam de acordo com a cultura desse povo indígena, em comemoração à criação do Parque Indígena do Xingu.

 

 


Canto de comemoração dos indígenas.

01h33min07s: Depois de tantas mortes e destruição que os homens brancos causaram, Orlando Villas Boas e Claúdio Villas Boas veem um índio de outra tribo.

 

 

 


Um som de esperança toca ao fundo.

 

01h34m30s: final do filme, com imagens reais da construção da Transamazônica, com a legenda falando sobre um encontro entre os brancos e o povo Krenakarore, que resultou na morte de mais de 500 indígenas desse povo.

 

 


 

 


Banner com os resultados finais do PIBID

Os dia 19/04, 20/04 e 21/04  foram dedicados à confecção do banner com os resultados finais das atividaes que realizamos no PIBID.