sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

ATIVIDADE ETNOGRÁFICA: O ENCONTRO COM O OUTRO

    Na última aula, como eu disse no post anterior, os coordenadores nos passaram a tarefa de assistir ao filme Xingu com um olhar etnográfico sobre ele, capturando cenas em que se pode perceber o "encontro com o outro" (como ficou nomeada a atividade), ou seja, o contato entre duas diferentes culturas. 

    Aqui apresento o resultado dessa atividade, que realizei em conjunto com a minha colega de PIBID Letícia Monteiro. Foi difícil? Não necessariamente, apenas um pouco demorado. No entanto, possibilitou-me uma imersão no filme muito maior do que o normal. 


Contexto: O filme se passa em meados do século XX, iniciando-se na década de 40, com a Expedição Roncador-Xingu, que integrava o plano de interiorização do Brasil do governo de Getúlio Vargas, chamado de Marcha para o Oeste.

Sinopse: Os irmãos Villas-Bôas são três jovens bem instruídos, com bons empregos e com uma família abastada. No entanto, eles buscam algo além do que esse tipo de vida pode dar, buscam a verdadeira liberdade e, por isso, ingressam na Marcha Para o Oeste, um plano de interiorização do Brasil realizado pelo governo de Getúlio Vargas. Ao se depararem com um grupo indígena e se integrarem na sua aldeia, eles percebem a necessidade de protegê-los do processo civilizatório esmagador que acontecia no Brasil, destinando suas vidas para essa causa.


Filme: Xingu

Ano: 2012

Diretor: Cao Hamburguer

Marcação Temporal e Descrição da Cena

Parte Verbal

Parte Imagética

Parte Sonora

05m20s: os irmãos Villas Boas vão se apresentar para a “Marcha Para o Oeste”. Percebendo que todos os outros que também estavam se apresentando possuíam semelhantes características sociais (eram analfabetos e trabalhadores braçais), eles se colocaram nessa posição, assim, tendo o primeiro contato com o “outro”: não-branco, pobre, sem instrução e trabalhador subalterno.

Militar: instrução?

Cláudio: não, senhor.

Militar: última profissão?

Cláudio: trabalhador braçal.

 


 

09m10s: o grupo de vanguarda da Expedição Roncador Xingu, à noite, percebe um som próximo. Um de seus integrantes, amigo dos irmãos Villas Boas, pensa ser uma onça. Outro integrante, com mais experiência pelo visto, informa que são índios produzindo esse som.

Expedicionário 1: é onça.

Expedicionário 2: não é onça, é índio.

 


Sons feitos pelos índios, talvez para amedrontar um possível inimigo: “uh, uh, uh”

09m40s: os índios lançam um objeto (talvez um coco ou uma pedra) contra o grupo. Eles se assustam, apagam a fogueira e, em reação, armas de fogo são engatilhadas. No entanto, Cláudio pede para que abaixem as armas (provavelmente por não perceber os índios como inimigos).

 

 


 

10m05s: com o dia claro, Cláudio encontra flechas utilizadas pelos índios e uma borduna trazida pelo seu irmão. Ele as observa fascinado.

Cláudio: olha só essa borduna...

 


 

11m30s:

os índios, após produzirem uma cortina de fumaça em volta do acampamento provisório do grupo, avança em direção a ele, mas são afastados por causa dos tiros dados em direção ao céu por parte dos expedicionários. Enquanto os índios usam sons produzidos pelas suas bocas para amedrontar os não-índios, estes, por sua vez, utilizam-se de suas armas para ter o mesmo efeito.

Cláudio: atira para cima, só para cima.

 


Sons produzidos pelos índios cada vez mais próximos, constantes e altos.

Barulho de tiro.

12m30s: enquanto os expedicionários marcam o seu avanço sobre as terras ditas desocupadas, os índios, que as ocupam, observam-nos. No fundo, há uma reflexão do personagem Cláudio (que também se põe como narrador) sobre isso. 

Cláudio (enquanto narrador que reflete sobre o contexto da história): o que o governo chama de terra desocupado, na verdade tem dono.

 


A trilha sonora da cena dá uma sensação de tensão maior à medida que os expedicionários saem de cena dando lugar para os índios.

13m00s: os expedicionários estão navegando pelo Rio Xingu em canoas recém construídas por eles. Nesse percurso, Cláudio percebe uma armadilha de pesca feita pelos índios.

Cláudio: Orlando, armadilha de pesca.

 


 

14m10s: após escutarem os mesmos sons de antes provocados pelos índios, o grupo começa a remar mais rápido, até que chegam em uma parte do rio na qual avistam diversos índios na margem, com arco e flecha nas mãos. Novamente, Cláudio pede para que as armas não sejam usadas, e decidem parar as canoas na margem oposto aos índios.

Cláudio: esconde a arma, não atira.

Orlando: Cláudio, são muitos.

Leonardo: vai flechar, caralho.

Cláudio: tem uma hora que a gente vai ter que falar com eles, não dá para fugir o tempo todo.

 


 

15m45s: estabelece-se o primeiro contato entre os dois grupos: os índios chamam os expedicionários para o lado deles da margem do rio. Leonardo, Orlando e mais outros expedicionários vão.

Um índio faz um gesto com o braço e mão que indica um chamado.

 


 

17m20s: os índios e os expedicionários ficam a poucos metros de distância, desconfiados (principalmente os índios). Após Cláudio entregar a única arma que levava consigo, uma faca na perna, ao aparente líder dos índios, este analisa o objeto estranho, da mesma forma que Cláudio observou as flechas e a borduna.

Há diálogos verbais entre os índios, mas, devido à diferença dos idiomas, usa-se mais o corpo para uma tentativa de comunicação: Cláudio move-se devagar e claramente a fim de não causar dúvida nos índios a respeito de suas intenções.  

 


 

19m20s: os dois expedicionários se apresentam e o chefe indígena também. Há um rápido susto por parte dos índios quando Orlando abraça o chefe indígena, mas tudo acaba bem.

Mescla-se o verbal com o não-verbal na tentativa de uma melhor comunicação: Orlando diz seu nome com bastante firmeza e apontando para si, da mesma forma faz com Cláudio. O chefe indígena faz o mesmo.

 


 

19m45s: os expedicionários entregam aos índios alguns objetos que trazem consigo. Orlando apresenta ao líder indígena a rapadura, que não aprecia após provar.

Orlando, utilizando-se da comunicação não-verbal, come a rapadura para que o chefe indígena entenda para que serve e faça o mesmo.

 


 

22m10s: os expedicionários são convidados pelos índios a irem à aldeia deles. Lá, todos da aldeia se juntam ao seu redor, curiosos sobre seus pelos a mais, cabelos diferentes, objetos que trazem consigo, roupas que vestem... Não sentem apenas curiosidade, mas também medo e receio.

Neste momento, a comunicação entre esses dois povos diferentes é estabelecida somente por meios não-verbais.

 


A trilha sonora vai ficando animada, passando uma sensação de empolgação.

23m45s: com os visitantes já estabelecidos na aldeia, inicia-se uma troca cultural. Os expedicionários escutam os indígenas mais velhos falando em uma reunião; os indígenas veem Orlando tentar falar sobre o avião.

Orlando: avião

Índios: tuiuiu

 


 

24m50s: Cláudio tentando aprender algumas palavras na língua dos índios.

Utiliza-se gestos para definir bem do que se está falando.

 


 

25m20s: Os expedicionários unem-se aos índios e constroem o Campo de Pouso Jacaré.

 

 


No fundo, toca uma música alegre aparentemente indígena.

29m15s: Um ano depois do primeiro contato com os irmãos Villas Boas, os índios veem de perto um avião. Primeiro, espantam-se, depois há curiosidade e, ao entrar e decolar, há uma grande felicidade por estarem voando.

Muita comunicação entre os índios.

 


Uma trilha sonora alegre toca. Também há os sons produzidos pelo avião sobrevoando e pousando na aldeia.

31m55s: uma epidemia de gripe trazida pelos expedicionários atinge a aldeia, matando metade dela. Há um envolvimento entre a medicina da cidade e a indígena.

Leonardo: têm a menor ideia do que é que é isso, nunca viram gripe.

Cláudio: nem iam ver se não fosse a gente.

 


 

33min8s: o curandeiro da tribo tenta usar sua sabedoria para curar um dos doentes.

 

 


Música melancólica toca ao fundo.

36m00s: médicos chegam na aldeia e inicia-se um processo de vacinação.

Médico: vai ser só uma picada, uma picada de abelha.

 


 

36min44s: Leonardo Villas Boas apresenta os médicos ao cacique.

Leonardo: Cacique! Esse aqui, Noel. Essa aqui, Marina.

 


 

37m35s: um índio traduz para o seu chefe o que Cláudio está dizendo sobre vacinação. 

Cláudio: a gente veio aqui para trazer remédio.

 


 

39m20s: encontro entre Cláudio e uma família de indígenas que parecem estar mais habituados aos homens brancos do que os demais, pois vestem roupas e falam português. O pai da família relata que seu povo trabalha para os seringueiros de forma escravizada e são mortos por eles. Cláudio dá uma arma para ele defender sua família.

Indígena: seringueiro não deu comida para os caiabis. Trabalha, trabalho para os seringueiros, não dá comida. Seringueiros matou meus filhos. Matou oito meu filho.

 


 

41m25s: Cláudio traz a família de caiabis para o posto que está próximo à aldeia de outro povo indígena. Há uma confusão porque o povo indígena da aldeia não quere aceitar os caiabis.

Cláudio: vocês não podem brigar entre si. O inimigo é o branco.

 

Trilha sonora de tensão.

43min34s: Cláudio e outros índios visitam outra tribo e veem o massacre provocado pelos seringueiros.

 

 


Som de ação toca ao fundo.

01h09m50s: Cláudio e Orlando pintam-se e dançam de acordo com a cultura desse povo indígena, em comemoração à criação do Parque Indígena do Xingu.

 

 


Canto de comemoração dos indígenas.

01h33min07s: Depois de tantas mortes e destruição que os homens brancos causaram, Orlando Villas Boas e Claúdio Villas Boas veem um índio de outra tribo.

 

 

 


Um som de esperança toca ao fundo.

 

01h34m30s: final do filme, com imagens reais da construção da Transamazônica, com a legenda falando sobre um encontro entre os brancos e o povo Krenakarore, que resultou na morte de mais de 500 indígenas desse povo.

 

 


 

 


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