No dia 09 de dezembro de 2020, aconteceu a terceira reunião do PIBID - Letras Português da UFAL. Nesse encontro, primeiramente, foi falado rapidamente sobre os documentos que baseiam a educação no Brasil: a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e como eles estão desconectados da realidade de muitas escolas e como o que está contido neles se apresenta de uma maneira muito geral, não abrangendo as especificidades dos variados ambientes escolares distribuídos por esse país de dimensões gigantescas, com povos, culturas e necessidades muito diferenciadas.
Eu já tinha entrado em contato com esses documentos, incluindo o Plano Nacional de Educação (PNE), no período passado, na disciplina de Política e Organização da Educação Básica no Brasil, com mais profundidade, devido ao tempo encurtado do período e também por causa do tamanho menor do documento, na LDB. Ao lê-la, logo se percebe que diversos de seus artigos e incisos são desrespeitados na prática, como várias leis estabelecidas no Brasil também são. Por exemplo, creio que, no mínimo, metade do 3º artigo do título II da LDB, intitulado "Dos Princípios e Fins da Educação Nacional", é não é posto em prática, visto que elegeu-se um presidente que, em seu plano de governo, defende o expurgamento da ideologia de Paulo Freire.
Tendo em vista o distanciamento existente entre o que está escrito e a concretude material, nós, enquanto estudantes de licenciatura, portanto não só estudiosos de linguística ou literatura, mas também de educação, ocupamos a posição de solucionadores dessas problemáticas, a fim de alterar a realidade do sistema educacional brasileiro, ou pelo menos do maceioense (ajudando a melhorar uma escola já está valendo), para que atinja os dizeres dos documentos basilares da educação, mas também modificando e atualizando esses documentos para que eles guiem da melhor forma o ideal de uma boa educação.
Nesse sentido, o PIBID é um projeto com uma grande importância, pois se configura como uma ponte que traz de um lado a universidade - representada principalmente pelos pibidianos -, que traz suas pesquisas, suas novidades, suas possibilidades de mudanças e, do outro lado, a escola de ensino básico - representada sobretudo pelas professoras supervisoras pelos seus alunos -, que traz a experiência, a vivência real necessária que o mundo acadêmico necessita para não flutuar apenas no campo das ideias, com a finalidade, também, de os bolsistas já entrarem em contato com o ambiente no qual muito provavelmente trabalharão após a graduação.
Após essas reflexões mais gerais sobre a educação, o tema da leitura, que se refere especialmente aos professores de línguas, foi introduzido. Mais especificamente, a leitura de clássicos durante o ensino básico. Inserir nas aulas a leitura de algum clássico pode ser um problema, pois há todo um receio em cima de grandes nomes, principalmente o de Machado de Assis. Ao citar a possibilidade de trabalhar com esse autor, os alunos, geralmente, são impelidos a negativar a ideia, referindo-se à dificuldade da escrita e a sua não atualidade, à provável "chatice" da narrativa e, também, por ser uma leitura vista como obrigatória, por ser passado pelo professor. Assim, incluindo outros motivos, cria-se uma repulsa a esse tipo de livro.
Aventurar-se por um clássico da literatura é ótimo e, para nós de letras, é bastante necessário conhecermos esses textos. No entanto, o quão necessário é para um aluno do ensino fundamental, que ainda não possui um hábito de leitura, ser colocado contato logo com um Machado de Assis, Guimarães Rosa ou José de Alencar? Para deixar mais claro, não é que não se deva apresentar as obras desses grandes autores aos alunos, e sim, não se deve reduzir a literatura apenas a eles. Fazendo uma rápida analogia com outro lado da educação de línguas, não se deve renunciar ao ensino da morfologia ou da sintaxe, mas sim, demonstrar que o estudo sobre a língua não se resume apenas a esses temas mais linguísticos. A questão não é ignorar os clássicos ou o estudo estrutural da língua, a questão é ir além!
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