No dia 27/11, participei do "seminário institucional de abertura dos programas PIBID e Residência Pedagógica/UFAL". Este, ao contrário da minha primeira atividade no PIBID, que foi direcionada aos alunos do subprojeto Letras Português, teve um público mais amplo, abrangendo todos os integrantes do PIBID e da Residência Pedagógica da UFAL.
Inicialmente, houve uma rápida fala do reitor da UFAL e de representantes da SEDUC e da SEMED. Logo após, a Profa. Dra. Ariane Norma de Menezes Sá, da UFPB, começou sua palestra denominada "As licenciaturas em tempos de pandemia". Agora, no momento de escrita desta breve reflexão, percebo que o trecho "em tempos de pandemia" está sendo um dos complementos mais usados nesta pandemia, pois temos a necessidade de entender quais as mudanças ocorridas nas diversas áreas da nossa vida em um momento tão diferente quanto este. Já vi: "O curso de Letras em tempos de pandemia", "A literatura em tempos de pandemia", "A fé em tempos de pandemia"... Infelizmente, alguns setores da nossa realidade parecem não se encaixar "nos tempos de pandemia", pois não houve modificação em seu funcionamento e, se houveram, foram mínimas, como o acréscimo do uso da máscara, por vezes desrespeitado. Pode-se citar: o transporte público, a campanha política, os bares e diversos outros.
Após essa divagação, surge o questionamento: as licenciaturas estão posicionadas na esfera da sociedade que está sofrendo alteração neste período ou não?
A educação presencial parou totalmente durante a pandemia, retornando em alguns lugares (em desacordo com muitas opiniões) agora no final do ano. O ensino remoto se tornou algo comum na vida de muitos estudantes e professores, e as tecnologias necessárias para que isso acontecesse se apresentam como uma novidade desafiadora para esses dois grupos. As lives, as reuniões, aulas e eventos virtuais, as atividades e provas sendo realizadas por diversas modalidades que, talvez, não fossem pensadas caso não estivéssemos nesta situação única (vide a postagem anterior e as práticas educacionais digitais realizadas pela Profa. Ma. Verônica Maria Silva dos Santos).
É tarefa das licenciaturas, dos estudantes que as fazem, da coordenação dos cursos, dos professores já formados abordarem essas novas experiências e conhecimentos, principalmente ligados à tecnologia, de uma maneira crítica, estudando-os e tornando possível sua melhor efetivação na sala de aula, com variados intuitos: deixá-las mais dinâmicas, inovadoras, interessantes ou, considerando o período pandêmica, seguras.
Os projetos universitários que realmente atuam baseados nos pilares da universidade - o ensino, a pesquisa e a extensão -, como a Residência Pedagógica e, no meu caso, o PIBID, possuem a responsabilidade de ser uma das pontes que levarão os estudos realizados no ensino superior até a realidade do ensino básico. Essa é uma das qualidades do PIBID: não se contentar em observar e criar conhecimento que ficará apenas no campo das ideias, mas ter também a necessidade e possibilidade de interferir positivamente na sala de aula, seu campo de estudo e de atuação.
Tendo em vista o que foi dito, tanto neste texto quanto na fala da Profa. Ariane, posso responder à pergunta originada a partir do título da palestra: sim, as licenciaturas, pelo fato das escolas não serem ilhadas em relação ao restante da sociedade (muito pelo contrário), têm a necessidade de se alterar devido à pandemia, mas não apenas na posição de sujeito que sofre as ações de mudança, e sim, como sujeito que se posiciona perante essa modificação, tornando-a melhor.
Agora, no final da escrita, veio-me um insight (parece até que inventei a roda): o trecho "em tempos de pandemia" pode ser resultado de um deslize, um movimento parafrástico, originado no título da obra Gabriel García Márquez: "O amor nos tempos de cólera". Deixo aqui essa ideia de pesquisa para meus colegas de Letras. Caso já haja pesquisa sobre o tema, avisem-me.